Controle de Qualidade em Hematologia Clínica

O setor de hematologia clínica é o grande coração do laboratório de análises clínicas. Não somente pela demanda, geralmente elevada, de hemogramas solicitados diariamente em laboratórios de todo o Brasil, mas também em decorrência da complexibilidade clínica do hemograma e como ele pode funcionar como uma chave guia para um diagnóstico completo, amplo e responsável. Neste sentido, vale ressaltar que o setor clínico precisa ser bem estruturado, tanto no aspecto físico, quanto na logística de análise e de trabalho de toda a equipe que o compõe.

Modelos de análises baseados em técnicas manuais, semi-automatizadas ou automatizadas dependem da harmonia do laboratório para que os resultados obtidos sejam satisfatórios e reflitam a realidade clínica de cada paciente analisado. Para isso, existe o Controle Interno de Qualidade, que consiste em procedimentos, normas e diretrizes que buscam garantir que os resultados obtidos no processo de análise laboratorial estejam não somente

condizentes com o quadro clínico do paciente, mas de acordo com os padrões estabelecidos mundialmente pelos principais órgãos do ramo da patologia clínica, e neste caso, da hematologia clínica e suas derivações.

O Controle de Qualidade (CQ) pode ser classificado como CQ Interno, quando as diretrizes buscam garantir resultados confiáveis e condizentes com a realidade clínica de cada paciente/amostra, e o CQ Externo, que consiste na Certificação e Acreditação, que garantem que o Laboratório Clínico está de acordo com os padrões estabelecidos pelos principais órgãos relacionados às análises clínicas.

Cada um desses tipos é de extrema importância para que o laboratório se destaque e seja reconhecido como um laboratório de excelência, atraindo a atenção de novos clientes/pacientes e também de investidores. No setor de Hematologia a automação é um recurso extremamente necessário, haja vista a grande demanda de exames, o ganho de tempo na realização mais otimizada dos procedimentos e a capacidade de padronizar todos eles, evitando erros analíticos e pós-analíticos.

Como dito acima, os erros analíticos e pós-analíticos são empecilhos que podem ser contornados quando o sistema de automação é instalado no setor de hematologia clínica. Entretanto, vale ressaltar que a fase pré-analítica ainda acumula a maior taxa de erros em relação a todo o processo laboral. Cadastros incompletos, falta de informações na requisição médica, quantidade ou qualidade inadequada de amostra, coleta realizada fora dos padrões e troca de amostras são alguns dos principais riscos presentes nesta fase.

É importante que os profissionais responsáveis pelo setor de Controle de Qualidade estejam sempre atentos para garantir que os profissionais pertencentes às fases de pré-análise estejam devidamente treinados para lidar com situações que levem ao recebimento de amostras inadequadas para análise, dando-os a capacidade de lidar de forma correta com a situação. A realização de treinamentos e a comunicação direta entre os setores do laboratório são ferramentas essenciais no controle interno da qualidade.

Após a aplicação dos critérios de rejeição de amostras em hematologia, deve-se proceder com o preparo da amostra e encaminhamento da mesma para a análise. No processo de análise, o uso de equipamentos automatizados requer alguns cuidados especiais.

Todo equipamento precisa passar por manutenções, sejam elas diárias, semanais, quinzenais, mensais, trimestrais e assim por diante. Essas manutenções geralmente estão relacionadas com a conferência dos fluídos e reagentes da máquina, bem como a limpeza de pipetadores e outros componentes do hardware. Como o aparelho entra diretamente em contato com material biológico e reagentes químicos, as manutenções se tornam indispensáveis para evitar contaminação interna do aparelho e dos reagentes.

E por falar em reagentes, a troca e reposição de reagentes também é um aspecto importantíssimo e que requer atenção redobrada pelo profissional responsável pelo CQ. Atento sempre aos dados como validade, lote e especificações, a utilização de máquinas demanda um alto consumo desses reagentes e também requer constantes trocas e reposições dos mesmos.

Por se tratar de um método analítico baseado no funcionamento de máquinas programadas, não é incomum que interferências externas causem desequilíbrios nessas ferramentas de análise, alterando a capacidade de análise e de leitura de analitos. Dá-se o nome de descalibração o processo de perca de estabilidade dos processos de análise, que levam à alterações de intensidade variada no resultado de alguns analitos.

Para corrigir esta falha, utilizam-se calibradores, substâncias ou amostras com uma concentração padronizada, que é usada para a construção da curva de calibração, que determina o intervalo de análise e leitura ideal para que a máquina possa trabalhar. Após esse processo, tem início a última etapa do CQ, o Controle.

Controles são susbtâncias ou amostras padronizadas, que são utilizadas para avaliar a capacidade de leitura e análise do equipamento. Como a máquina e os controles podem sofrer interferências do ambiente e do meio externo, os controles possuem um valor médio de análise acompanhado de um desvio padrão para mais e para menos que nada mais são que os intervalos onde a análise ainda é considerada viável.

Várias são as formas de analisar os resultados do controle, e em hematologia, todos os parâmetros do hemograma são analisados de forma individual, algumas vezes, em diferentes intensidades de controle, que podem ser considerados “Alto”, “Médio” e “Baixo”. Após esta fase, analisam-se os resultados oriundos do controle, que devem estar o mais próximo possível do valor médio padronizado pelos fabricantes do controle.

Por Denilson de Araújo e Silva

Graduando em Biomedicina pelo Centro Universitário UNINOVAFAPI

Pós-Graduando em Microbiologia Clínica pelo Instituto GPI

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