Dependência química por um outro ângulo

A dependência química é mais comum do que podemos imaginar em nossa sociedade mas, muitas vezes, ela pode não ser percebida ou, até mesmo, não ter a sua gravidade considerada, o que é ainda pior.

A verdade é que enquanto algumas drogas são vistas com maus olhos e também têm o seu consumo proibido pelas leis brasileiras, outras são usadas livremente. E isso não significa que elas não sejam igualmente graves nem que não causem sérios danos à saúde, como é o caso do álcool e do cigarro, que podem levar à morte, de forma direta ou indireta.

As autoridades alertam. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a dependência química como uma doença crônica, progressiva, ou seja, que piora com o passar do tempo, primária, que gera outras doenças e fatal.

De forma direta, dependência química é um transtorno mental caracterizado por um grupo de sinais e sintomas decorrentes do uso de drogas. Esses sinais e sintomas são: compulsão pelo uso da droga; sintomas de abstinência, necessidade de doses crescentes para atingir o mesmo efeito; falta de controle sobre a quantidade do uso; abandono de outras atividade e manutenção do uso, mesmo tendo prejuízos evidentes causados pela droga.

Para derrubar os mitos que rondam o assunto, convidamos o Dr. Vicente Gomes, psiquiatra e psicogeriatra, para um bate-papo. Ele que também é coordenador do Curso de Pós-Graduação em Psiquiatria do Instituto GPI, recebeu nossa equipe para falar mais sobre o tema. Confira o nosso bate-papo.

Dr. Vicente Gomes, coordenador da Pós-graduação em Psiquiatria do Instituto GPI

COMO TEM SIDO A APLICAÇÃO DESTE MÓDULO E AS DISCUSSÕES ACERCA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA?

Tem sido mais um módulo enriquecedor, ministrado aos nossos alunos médicos onde realmente falaremos bastante da dependência química, uma condição que acomete muitas pessoas em nosso país e muitas vezes não é diagnosticada. Os alunos participam bastante e discutimos muito sobre o tema. Às vezes, a pessoa acha que apenas o uso recreativo de determinada substância não vai causar dependência. Muitas vezes a pessoa está equivocada e ela terá vários danos. Neste módulo, estamos abordando a dependência química de várias drogas, as lícitas e as ilícitas.

QUAIS SÃO AS SUBSTÂNCIAS MAIS COMUNS DE SE CAUSAR DEPENDÊNCIA?

Cafeína, álcool, tabaco e canabis (maconha). O uso abusivo e frequente dessas substâncias pode causar dependência química. Sãs as mais comuns.

O QUE PODE CARACTERIZAR A DEPENDÊNCIA QUÍMICA?

A pessoa começa a ter prejuízos, em horários, por exemplo (chega sempre atrasada nos compromissos), irritabilidade na ausência da substância, problemas de sono e até sintomas físicos, como o coração acelerado, suor excessivo e tremores também podem indicar abstinência de certas substâncias. Certos remédios que as pessoas usam também podem causar dependência. O indivíduo começa usando uma determinada dosagem e depois ela precisa de uma dosagem maior para o remédio ter efeito.

É ALGO QUE PREJUDICA NÃO SOMENTE O DEPENDENTE QUÍMICO, CERTO?

Acaba prejudicando também a família, amigos, as relações sociais. A dependência química precisa de um olhar diferente, principalmente porque ela é vista geralmente como algo em que o paciente seja culpado. A dependência química é um problema de saúde, uma doença. Geralmente o indivíduo está tentando compensar algo que não está legal com ele. Devemos não olhar apenas a dependência química e sim, olhar o paciente como todo.

COMO SERIA ESSE OLHAR MAIS AMPLO AO PACIENTE?

Devemos investigar várias coisas, por exemplo, como está o histórico familiar, seu trabalho, sua saúde geral, será que ele não tem depressão? Estaria ele usando alguma droga estimulante? Será que ele está usando determinada substância para relaxar? Ele está muito irritado ultimamente? Muitas pessoas usam determinadas substâncias para compensar algo, achando que resolverão seus problemas, quando, na verdade, além de ter o transtorno de base, terão também a dependência da substância.

A ACOLHIDA E ASSISTÊNCIA PARA A FAMÍLIA DO PACIENTE TAMBÉM É NECESSÁRIA, CERTO?

Sim, fundamental. Não existe o puro tratamento medicamentoso. É necessário também o apoio e participação da família. Não adianta prescrevermos a medicação sem um bom ambiente familiar e acolhida, o carinho da família. Dessa forma, o tratamento não terá sucesso.

Além do papel de apoio durante o tratamento, é importante falarmos de prevenção. Devemos nos perguntar: Como anda o relacionamento do paciente com a família? Como anda a rotina dessa família, as relações de afeto, momentos juntos, etc? É importante a família entender que dependência química é uma doença e não é sinônimo de fraqueza, falta de fé ou qualquer outra coisa. É uma doença e merece ser entendida e tratada como tal.

No vídeo abaixo, assista a entrevista na íntegra sobre “Dependência química por um outro ângulo” Por Nehemias Lima – Jornalista.

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